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sábado, 30 de maio de 2015

Kompong Cham

Depois de me deliciar e caminhar ao meu ritmo,  tenho apenas 3 dias no visto para o Camboja... Já não vou conseguir ir mais a este e tenho todo o país para atravessar para chegar à Tailândia, o que me deixa com apenas um dia para Kompong Cham. Quase pensei em não parar, mas decidir ficar, um dia é melhor que nada... e que dia, dificilmente me esquecerei da experiência....

Pela primeira vez visitei uma fábrica... 


E apesar desta primeira imagem não ser da fábrica em questão é da sua matéria prima, a árvore dá a resina que se transforma em borracha!!!


Para visitar a unidade fabril é simples: 1 Dólar!! tenho direito a um documento identificativo e nada mais, ou melhor, tudo o que pretenda...andei à vontade, falei com as pessoas, nada me foi negado, até trouxe uma amostra!!


Agora, não tive entraves, nem limitações, mas quase que tive   um acidente...escorreguei no chão molhado, mas felizmente o meu pé conseguiu travar antes de ir ao chão, fiquei apenas com o ténis todo encharcado da água amarelada e fedorenta...


Se quando passo pelo camião do lixo, admiro a coragem daqueles homens/mulheres, neste momento nada se compara ao cheiro que senti nesta fábrica. Compará-la com o camião do lixo é o mesmo que comparar o cheiro de um queijo fatiado acabado de comprar no supermercado, com um amanteigado que ficou todo o dia fechado no carro enquanto vamos para a praia, sendo esta fábrica a segunda opção.....

..por várias vezes pensei que ia vomitar, tive mesmo de me afastar, respirar fundo e tentar afastar o pensamento, posso dizer que foi o pior cheiro que senti na vida...  e mesmo assim, fui recebida com sorrisos e com curiosidade... também pensaria: estes turistas são tão parvos, tanto lugar para visitar no mundo e vêm logo aqui!!!


..não aconselho a visita a pessoas sensíveis:  além do cheiro, temos as condições praticadas, não tenho nenhum curso de higiene e segurança, mas certamente a ASAE nem entraria nas instalações, estaria logo fechada!! eu tb não quero repetir a experiência olfativa. 

Como estas pessoas o fazem por 100 $ por mês!! E este será sempre o ponto de comparação mais baixo que conheço, nenhuma outra experiência que tive se compara a esta dura realidade!!


Mas a minha tarde não ficou por ali, esta cidade merecia mais tempo, mas ainda assim consegui visitar o bairro muçulmano....



Visitar um farol Francês, aqui seguia na minha boleia até lá, estava com pouco tempo, tive de ser rápida... :D



E por último a ponte de Bamboo, 900 metros de ponte toda em bamboo, unem a cidade a uma ilha no rio Mekong. Apesar da sua aparente fragilidade, seguem peões, bicicletas, motas,carros, tudo passa nesta ponte!!!

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Kratie

Após Koh Preah, rumei a Sul para Kratie. Cerca de 15 km do centro da cidade,temos a pequena povoação de Kampi, onde podemos observar os golfinhos que permanecem no rio mekong. Já foram mais de 1000, agora apenas 85 sobrevivem. É um golfinho de água doce e tem a cara sem o bico dos comuns golfinhos, mas redondo com uma bola. 

Nos Açores à 3 anos, vi imensos, a saltarem, a mostrarem-se para as máquinas, aí não aguentei a ondulação... agora neste rio pacífico estes golfinhos não se mostram...


mas mesmo assim vale a pena ver e visitar....são criaturas adoráveis e aqui vivem livres no seu habitat, como os golfinhos do Sado, lá longe na minha terra :D


Permaneci mais um dia em Kratie e aproveitei para alugar uma bicicleta... voltei às margens do rio para vislumbrar mais uma vez os golfinhos.... entretanto subi um pequeno monte, não devia ter mais de 250m de altitude, mas toda a subida é feita em escadas :S



no cimo temos um templo, para freiras... tentei, agora que já sabia contar perguntar quantas habitam o mosteiro, mas a nossa forma de raciocínio é diferente e não consegui obter essa resposta, apesar de muito gesticular e contar :S


Por fim, voltei a preferir uma estadia caseira numa ilha mesmo em frente do centro de Kratie, chamada Koh Trong, aqui apenas motas e bicicletas circulam e alguns carros de bois... a estrada é mt estreita na sua maioria...


e as casas existem desde o mais simples...


até a um luxo de eco-turismo com piscina e tudo!!!!


mas claramente este último é uma excepção... um extremo de luxo perdido numa ilha onde as pessoas colocam as suas baterias, de forma a puxarem água, indo buscá-las ao final do dia para iluminarem as suas casas.


A maioria vive da agricultura de subsistência e os campos começam a ser preparados para o cultivo do arroz, agora que se aproxima a epóca das chuvas...



No entanto é este vegetal e que eu ainda não lhe descobri o nome, que salva o dia....


especialmente se temos escoriações de uma queda de mota!!!


Por fim não saí da ilha sem antes me roubarem umas beijocas e um abraço, até consigo imaginar-lhe a frase: se eu tivesse menos anos, ai ai não me escapavas!!!

terça-feira, 26 de maio de 2015

Koh Preah

Saí de Ban Lung bem cedo e cheguei a Strung Treng pela hora de almoço. Dirigi-me ao hotel e pediram-me 6 US$/noite, por um quarto muito quente, segundo um casal que tinha conhecido em Ban Lung e tinham vindo no dia anterior... No meu guia existia outro lugar e surpreendentemente o rapaz do hotel, disse-me para ir procurar calmamente e deixar a mala ali, que a guardava... Não podia ser melhor, validei a segunda opção, ainda mais cara e acabei na agência Asia-Xplorers que organiza tours pelo rio mekong. Depois de tanta informação preciosa, decidi não ficar em Strung Treng e seguir para uma ilha a sul, Koh Preah! Aí acabaria por ficar a minha segunda noite numa casa local.


Mas ainda antes de rumar a sul, no hotel simpático, o rapaz, ofereceu-se para ser meu guia e por 50US$, levaria-me para uma comunidade, ficáramos numa casa com os locais, teria 3 horas de demonstração da pesca local, jantar e deslocações. É de facto um bom preço, mas decidi que deveria fazê-lo por mim, é sempre mais realista, mais "ao natural" e assim segui, aproveitei ainda o seu transporte de mota até ao ferry,  7US$ gastos até este momento!!

Toda a vila vive e respira mar, ou melhor rio.... Em todas as casas são visíveis redes de pesca... desloquei-me ao rio na esperança de encontrar algum pescador....




Encontrei apenas uma embarcação e não posso dizer que sejam pescadores experientes, mas por outro lado são bastantes curiosos...
Devem ter ficado muito espantados quando viram uma turista a fazer-lhes sinal e vieram ao meu alcance....


Disse-lhes: só quero navegar um pouco com vocês e vêr-vos a pescar... Responderam afirmativamente e convidaram-me a bordo.. isto tudo em gestos claro!!! o meu kmher é do mais limitado que existe...

Ele segue à frente, lança as redes, 





ela atrás manobra o barco, salta para dentro de água para içar as redes quando se prendem. A típica relação homem/mulher, onde ele apanha o peixe, mas ela faz quase tudo ....   


E assim aprendi a contar até 10 em kmher, sempre que içavam as redes, lá começava eu:
1 - mui; 2-bi/pi (ainda não percebi bem); 3- bey; 4-buome; 5-prome; 6= 5+1 prime + mui e assim em diante repetindo 5+ o resto até 10-dope!! e até 19 é simples, porque já sabemos de 1 a 9 :D para quê complicar mais?!!??! o peixe é que não cresceu mais do que isto, bem eu o contava e ansiava por ver um grande (tome) mas nada....



Após mais de 1 hora os meus companheiros seguiram felizes para casa com o jantar da família...

Eu continuei a descobrir a ilha, alías só tinha andado uns 500 metros, pouco tinha visto até que vislumbrei este quarteto com as suas fisgas, mas o que é que os miúdos estão a fazer???... a tentar apanhar mangas, numa árvore com mais de 4 metros de altura... e será que conseguem???


Claro que sim, devem passar horas nisto... E como este pequenote já estava com a sua recompensa pedi-lhe a fisga emprestada, não me pareceu assim tão complicado.... lá comecei, também eu quero uma manga apanhada diretamente da árvore com fisga... lembro-me que cheguei a usar uma em míuda, para atirar pedaços de papel... nunca numa verdadeira luta pela sobrevivência...


E aquilo que parecia simples, para os míudos, para mim estava bem complicado, mas eu até achava que tinha pontaria.... de 4 passaram a ser mais de 10 de volta da turista que está a tentar acertar nas mangas.... a cada 2/3 min lá caía uma e eu nada... a certa altura um pai de uma das crianças, veio com um saquinho com 2 mangas para me oferecer.... Mas que desaforo, enquanto houver luz daqui não arredo pé, isso ou acertar numa manga.... 



..e assim foi, por uma meia hora, até que num golpe de genialidade, seguida de uma pontaria extrema, uma manga estatelou-se no chão......era minha, só minha, finalmente tinha conseguido!!!


Existe até um carrinho especial para carregar a recompensa, a minha seguia na mão, o fruto da minha conquista!!! tinha mais 2 na mochila dentro de um saquinho de plástico.....


Regressei a casa para me deliciar com um dos melhores jantares e no dia seguinte apanhei boleia, por 2US$, com o pai da família com que tinha ficado, é o dono do barco que leva pessoas entre Strung  Treng e Koh Preah... 


Saldo final - Transporte 9 US$; Jantar 3US$; Dormida:3US$ 

Fiz a festa e que festa por 15US$, 35US$ de lucro só da parte financeira :D

domingo, 24 de maio de 2015

Ban Lung e Caminhada no Rachah

Depois da capital, decidi ir até ao nordeste do país... 8 horas de autocarro... pensei ser a única, mas mais dois turistas, um casal, juntou-se a esta aventura pelas estradas do Camboja.... Claro que depois de tanto tempo, inevitavelmente acabamos por começar a conversar e combinar uma caminhada conjunta... O Norte entre outras coisas oferece caminhadas na selva!!!

À noite, um outro casal olhava com frequência para mim, não percebi o porquê, mas quando regressei ao bar, o rapaz dirigiu-me umas palavras, em Português!!! Um tuga perdido pela França, ansioso por comunicar na língua de Camões e eu super feliz por pratica-la :D Combinamos no dia seguinte visitarmos o lago Boeng Yeak Lom. Estima-se que seja uma cratera resultante da queda de um meteorito à 700.000 anos atrás, é um redondo perfeito e consegue fazer-nos atirar tudo para o chão e saltar para a água....



Mas, o obectivo da viagem era mesmo uma caminhada pela selva e também a oportunidade de um encontro com algumas das comunidade minoritárias da região. Aqui não se fala khmer e todas as poucas palavras que aprendi de pouco me servem. Vamos caminhar eu, o casal Alemão do autocarro, um guia Khmer e um guia local. Fomos recebidos por imensas crianças a brincar e a banharem-se no rio, mas o que mais me chamou a atenção foi o processo de recolha de água para consumo.... um buraco ao lado do rio e a água para dentro de todos os recipientes de plástico que conseguiram juntar e que vão sendo "lavados" no rio....


A caminhada não deve ser muito exigente, mas a temperatura, assim como a ameaça de sangue-sugas, são o suficiente para me deixarem em estado alerta, o casal de alemãos decidiu apenas caminhar dois dias, eu queria mais, mas preciso de companhia para conseguir fazer a caminhada e por isso juntei-me, penso que posso fazer outra mais tarde....Vendo a descontração do meu colega de caminhada.....



... seguida pela do guia, isto vai ter de ser fácil...


O guia da comunidade minoritária, fuma tabaco de enrolar apenas com uma folha da selva, será para turista ver?? Bem o vi sacar um cigarro do maço do colega na noite, mas verdade também que estava a chover e precisa das folhas secas, costuma aquecer as folhas com o isqueiro antes de lhe colocar o tabaco.... 


Depois de perder, toda a água que ingeri, diga-se 3 garrafas de 1,5L chegámos ao destino final, a cascata, mas até esta água parece proveniente de um pote de chá!!! nada refresca nesta terra?


Os guias levaram tudo necessário para uma vida na selva, mas aproveitaram também o que a natureza nos proporciona, logo o arroz foi cozinhado no bamboo, uma delicia...


Tivemos direito a copos de bamboo como souvenir :D


Uma cama de rede com rede mosquiteira integrada....e será que estes pauzinhos aguentam com 5 pessoas???


No dia seguinte, a parte mais complicada, uma subida enorme logo a seguir ao pequeno-almoço, no qual aproveitei para ingerir todas as calorias possíveis....

Comecei a aquecer, aquecer...tenho toda a roupa encharcada em suor, a certa altura troquei as calças de ganga, sim estava de calças de ganga, a única protecção que tinha para as sangue-sugas....para umas calças leves, que absorvem todo o suor, parecia que tinha caído num lago...um pouco de vento pf!!!

Abençoados alemãos que só quiseram caminhar por dois dias, não sei o que seria de mim se tivesse de ficar mais uma noite na selva, tenho toda a roupa encharcada em suor...
..os dois guias nem suavam.... e caminhavam de chinelos e calções... quando me venderam isto tinha de ser de meias compridas e calças longas.... deveria ter tentado a minha sorte com os bichos que sugam sangue, mas de calções!!!


Ainda nos perguntaram se preferiamos o caminho mais longo? O que se vê mais? mais do mesmo responde-me.... vamos em short cut!!!!

E assim chegamos de volta à aldeia, onde a seguir ao almoço, visitamos o cemitério local. A maioria da população no Camboja é budista e crema os corpos, mas esta população minoritária enterra os corpos, com alguma criatividade!! Descreve-se através das estruturas em madeira a profissão do homem em vida, mata-se um  ou mais búfalos, canta-se, dança-se e bebe-se em sua honra....



No dia seguinte os meus companheiros seguiram para oeste, mas eu fiquei, ainda não vi a cidade e assim percorri o seu mercado, onde observei os artesões locais criarem peças como brincos, pulseiras, fios, etc, para venda nos estabelecimentos no mercado, quase próximos da banca da roupa, carne e peixe...



E aqui posso afirmar que visitei o mercado mais mal cheiroso de sempre!!! não teria coragem de comprar nenhuma alimento.. recordo as palavras da rapariga com que compramos a viagem para a selva, de manhã vou ao mercado comprar os alimentos para a vossa viagem... Não sobrevivemos só à selva, sobrevivemos a este mercado também!!! Valentes!!!