Para experimentarmos o Camboja, inevitavelmente deparam-nos com o passado. Enquanto em 1975 vivíamos e experimentávamos a liberdade em Portugal, o Camboja iniciava uma jornada muito diferente, chegava ao poder o Kmher Rouge, sob a alçada de Pol Pot.
Durante menos de 4 anos uma das maiores atrocidades humanas foram cometidas na então Democrática Kampuchea.
Iniciei a minha visita pela prisão Tuoel Sleng. Ironia ou não esta anterior escola, foi convertida na das mais de 196 prisões espalhadas pelo país. Conhecida também por S-21.
Todos os detidos eram fotografados, antes de os submeterem às mais diversas torturas.... o resultado seria sempre uma confissão, sem qualquer hipótese para continuar numa luta desigual e injusta, acusados de traição, associados com a CIA ou acusados de delatores.
Estima-se que entre 14.000 a 20.000 pessoas passaram por esta prisão e estima-se que que pouco mais de 200 foram libertados durante todo o regime...
Os presos eram mantidos em pequenos cubículos e todo o edifício estava rodeado de arame farpado, impossibilitando o suicido das varandas...
Depois estes presos eram transferidos para um dos chamados campos da morte, no entanto, tive a possibilidade de conhecer um dos poucos sobreviventes. Chum Mey, um mecânico de profissão, o que lhe valeu a "liberdade" após 12 dias e noites de tortura com choques eléctricos. Foi requesitado para trabalhar a consertar as máquinas de escrever utilizadas para gravar as forçadas confissões.
Este sobrevivente foi também testemunha em tribunal, confirmando as barbaridades que aqui foram cometidas.
Mas efetivamente foram poucos os que escaparam à raiva dos militares dos khmer rouge. Comprovado em Choeung EK, um dos chamados campos de morte, onde mais de 8.000 restos mortais foram encontrados, entre homens, mulheres e crianças.
O objetivo era transformar o país num sociedade agrícola de larga escala, com a produção de arroz a ser a principal fonte de sustento,. Para isso aboliram a moeda, escolas, comércio local, propriedade privadas, forma de vestir ocidental, práticas religiosas e a cultura khmer. Os edifícios públicos então transformados em prisões.
Pouco depois iniciaram o massacre de inteletuais, oficiais e serventes do antigo regime, minorias não khmers e também alguns dos seus soldados acusados de traição...
As crianças também foram mortas de forma a evitar vingança no futuro, muitas atiradas contra esta árvore....
Os restos mortais de mais de 5.000 pessoas permanecem no Choeung EK de forma as novas gerações aprenderem e perceberem o caminho pelo qual não devem seguir, um caminho atroz que dizimou 20% da população do Camboja.
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