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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Phnom Penh - O Presente

Enganem-se todos aqueles que julgam que os Tugas são super corajosos por comer caracóis, aqui também existem e garanto que existem muitas mais coisas que nenhuma coragem me levará a mastigar... Entretanto ando a ganhar coragem para provar estes, que devem ser pouco picantes, como o resto da comida :S


Phnom Penh, tem também um dos comércios mais ecológicos e recicláveis do planeta.... Nas suas preces, requerem ajuda do Buda e em seguida libertam uns passarinhos.... 


Depois os bicharocos voam um pouco e poisam nas árvores, aí os garotos de rua, seguem com uns paus com cola e pumba, voltam para as gaiolas...


A cidade não tem a dimensão de Bangkok, mas está a crescer e cada vez mais vemos arranha-céus junto a templos e ainda temos edíficios de estilo francês, remanescentes... 


O Budismo e as escolas para os monges têm inúmeros seguidores, apesar de alguns, partilharam comigo, que permanecem monges só até terminarem a licenciatura, depois querem casar e ter filhos....


Após mais de 1 mês e meio, ainda não tinha tirado uma foto com um monge, imensos passam por nós todos os dias, mas continuava a espera do momento em que não fosse eu e simplesmente acontecesse e finalmente aconteceu... Um grupo de monges chamou-me, "roubou-me" a máquina por momentos e um dos monges tornou-se fotografo a registar os momentos de uma turista com os seus companheiros... onde aprendi que sempre que nos fotografam com monges devemos ter as mãos juntas...


Mas este grupo de monges não eram os únicos curiosos pela minha presença, nem pela minha máquina... as crianças, quando vêem a máquina têm um fascínio por se ver retratados... este miúdo era um autêntico modelo...



E deixei para o fim, a visita ao palácio real e quando cheguei não me deixaram entrar.... a menina está de calções demasiados curtos, não pode... pensei, re-pensei e optei por ficar mais um dia para poder vislumbrar o palácio, no dia seguinte levantei-me, almocei dirigi-me para o local e quando estava no caminho vi que tinha vestido novamente calções, mas que se passa na tua cabeça??? voltei atrás, mudei, mas ainda bem que insisti, contrariamente a Bangkok onde milhares de turistas se amontoam, aqui podemos caminhar calmamente, apreciar a beleza do palácio e foi também aqui que os monges me chamaram e disseram que queriam tirar fotos comigo, estava no destino, tinha mesmo de insistir :D



segunda-feira, 18 de maio de 2015

Phnom Penh - O Peso do Passado

Para experimentarmos o Camboja, inevitavelmente deparam-nos com o passado. Enquanto em 1975 vivíamos e experimentávamos a liberdade em Portugal, o Camboja iniciava uma jornada muito diferente, chegava ao poder o Kmher Rouge, sob a alçada de Pol Pot.

Durante menos de 4 anos uma das maiores atrocidades humanas foram cometidas na então Democrática Kampuchea.

Iniciei a minha visita pela prisão Tuoel Sleng. Ironia ou não esta anterior escola, foi convertida na das mais de 196 prisões espalhadas pelo país. Conhecida também por S-21. 



Todos os detidos eram fotografados, antes de os submeterem às mais diversas torturas.... o resultado seria sempre uma confissão, sem qualquer hipótese para continuar numa luta desigual e injusta, acusados de traição, associados com a CIA ou acusados de delatores.

Estima-se que entre 14.000 a 20.000 pessoas passaram por esta prisão e estima-se que que pouco mais de 200 foram libertados durante todo o regime...



Os presos eram mantidos em pequenos cubículos e todo o edifício estava rodeado de arame farpado, impossibilitando o suicido das varandas...



Depois estes presos eram transferidos para um dos chamados campos da morte, no entanto, tive a possibilidade de conhecer um dos poucos sobreviventes. Chum Mey, um mecânico de profissão, o que lhe valeu a "liberdade" após 12 dias e noites de tortura com choques eléctricos.  Foi requesitado para trabalhar a consertar as máquinas de escrever utilizadas para gravar as forçadas confissões.

Este sobrevivente foi também testemunha em tribunal, confirmando as barbaridades que aqui foram cometidas.


Mas efetivamente foram poucos os que escaparam à raiva dos militares dos khmer rouge. Comprovado em Choeung EK, um dos chamados campos de morte, onde mais de 8.000 restos mortais foram encontrados, entre homens, mulheres e crianças.


O objetivo era transformar o país num sociedade agrícola de larga escala, com a produção de arroz a ser a principal fonte de sustento,. Para isso aboliram a moeda, escolas, comércio local, propriedade privadas, forma de vestir ocidental, práticas religiosas e a cultura khmer. Os edifícios públicos então transformados  em prisões.


Pouco depois iniciaram o massacre de inteletuais, oficiais e serventes do antigo regime, minorias não khmers e também alguns dos seus soldados acusados de traição...


As crianças também foram mortas de forma a evitar vingança no futuro, muitas atiradas contra esta árvore....


Os restos mortais de mais de 5.000 pessoas permanecem no Choeung EK de forma as novas gerações aprenderem e perceberem o caminho pelo qual não devem seguir, um caminho atroz que dizimou 20% da população do Camboja.


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Kompong Luong

Bem-vindos a minha casa para as próximas 24h! é uma habitação de 25 m2 aproximadamente, rodeada de água de todos os lados, portanto uma ilha, excluindo a parte de ser um pedaço de terra... são vários pedaços de madeira construídos sob troncos de bamboo!!!


Cheguei, apresentei-me à família: avó, mãe e as duas filhas, mostraram-me o quarto e seguiram na sua vida de sobrevivência ao calor e ao choro das pequeninas.... Eu tentei dialogar com o meu dicionário Kmher-Inglês... mas aquilo são quase sempre frases feitas, difícil de construir algo....e torna-se ainda mais complicado porque sempre que me aproximava da mais pequena esta desatava a berrar... tive experiências parecidas em África, talvez achei que seja um fantasminha......buuuuhhh!!!!


Portanto, pela primeira vez na Ásia sem internet, com um espaço confinado, queria percorrer a ilha, mas não tinha bote, nem canoa, só podia alugar um tour à volta por 10 dólares, que deixei para a manhã seguinte... restou-me apreciar a vida na "ilha" e como se deixa passar o tempo por aqui.....

Como não nos deslocamos, desloca-se o estabelecimento comercial até nós.. simples.... e assim se compraram os vegetais para o jantar :D


Depois as minhas vizinhas, que com mais sorte que eu possuíam uma embarcação passaram toda tarde em relações comerciais, ora vou buscar uma bebida ao vizinho da frente, ou comprar um rebuçado, ou buscar o que falta a minha mãe para o jantar.... e lá contavam elas os tostões que faziam nas suas viagens....



Podemos pensar que a maioria do comércio vive em volta da alimentação, o que é bem verdade, mas também tive tentada a comprar uns calções que os meus estão a ficar velhos, no entanto a sra ignorou-me e tive vergonha de a desviar do seu caminho, não sabendo se tem o produto que desejava....




Esta comunidade vive assim, em casas flutuantes, desloca-se em barcos e lá ao final do dia juntam-se para uma cerveja, num dos bares, ou na casa do vizinho, que entretanto regressaram do trabalho e agora com todas embarcações estacionadas, já se consegue alcançar a casa mais próxima, por terra, por barco aliás....



No dia seguinte parti finalmente à aventura, ver todas as casas, o comércio, aproveitei para comprar uma baguete para o pequeno almoço e apreciar, a fábrica do gelo e até a igreja, pois aqui não falta, quase nada, com a pequena diferença que tudo flutua....






quarta-feira, 13 de maio de 2015

Pursat

A grande diferença entre viajar apenas nas férias e viajar com tempo é podermos parar nos locais em que raramente vemos outros turistas.... mas porquê parar aí? alguns perguntam, outros nem sabem do que falo, quando me perguntavam para onde ia e respondia Pursat.... e na verdade porquê parar ali? Tem algo para ver fora do normal? Não, e é isso mesmo que quero e porque tenho tempo e posso, vou ver o normal... não a cidade que tem atracções e chama milhares de turistas ao ano, mas a cidade que nada tem para oferecer e aí encontro o motivo perfeito para a visitar....



Deixei de ser mais um turista para virar eu mesma a atracção.... as crianças adoram e porque talvez seja a única palavra que realmente conhecem gritam: Hello!! Hello!!! Respondo e aí todos riêm, um ou outro consegue ir mais além e perguntar o nome... troco as pelas poucas palavras que conheço em Kmher (Olá) e assim ficamos....



Depois os gestos falam, ou as expressões.... e assim fui convidada para me sentar ao lado desta Sra, que inveja também eu queria esse saco de gelo para arrefecer... mas nos seus 80 anos, que isso ainda consegui perceber, permanece igual a qualquer tia distante, diga-se casamenteira... pois não percebi palavra do que falava com o neto, mas ele parou o que fazia e veio sentar-se ao nosso lado, enquanto ela falava com voz dura de matriarca, possivelmente a dizer, vês aqui uma turista boa para te casares... e depois ria-se e olhava para mim...




Nesta cidade vi muitos artesãos, com a lateral da sua casa a funcionar como loja, claro que não vi ninguém a rondar, mas imagino que efetuem negócio com quem os visita proveniente dos locais turísticos.... 



E como sabemos que esta cidade não é turística? Pois não existe a venda nem coca-cola zero nem a light (versão mais consumida por estes lados), mas porque não? Porquê perder as calorias da bebida se vamos pagar por ela??


segunda-feira, 11 de maio de 2015

Battambang

Uma cidade que fica entre Siem Reap e Phon Phem, a maioria passa a correr entre ambas ou entre Angkor (Siem Reap) e a praia... Perde assim a oportunidade de diversas aventuras, além de explorar uma cidade muito atrativa, com bastantes galerias e bares de fazer inveja a muita capital Europeia... Ok talvez esteja a exagerar, mas em pé de igualdade concerteza...

Primeira atividade: vamos ao circo!!!

Tudo começou num campo de refugiados em 1986, um grupo de 9 crianças tiveram a ideia de criar uma associação para ajudar as crianças a expressar o seu trama de guerra... e em 1994 fundaram o Phare Ponleu Selpak, onde atualmente mais de 1000 crianças frequentam como escola, creche e algumas como atelier de pintura e artes performativas.... 



Segunda atividade: andar num comboio de bamboo!!!

A linha é antiga, as peças estão ligeiramente deslocadas e saltamos várias vezes durante o trajeto, mas tudo ajuda para aumentar a adrenalina desta viagem num comboio construído em bamboo, onde o motorista segue atrás dos passageiros e se a linha estiver obstruída por outro comboio? Aí retira-se dos carris, damos passagem e voltamos à nossa viagem :D






Terceira atividade: a tragédia Khmer Rouge !!!

Visitamos uma das grutas, onde quem não "encaixava", simplesmente era jogado e deixado para morrer, caso sobreviessem à queda :(.... agora um templo honra aqueles que sem alternativa padeceram nas mãos de um dos mais terríveis regimes....



Quarta atividade: o vôo dos morcegos !!! 

Os morcegos aguardam o momento em que a noite cai, para aí virem no auxílio dos turistas na sua luta constante contra os mosquitos.... nós aguardamos ansiosamente a sua ajuda .... é impressionante vê-los a voar dentro da gruta e a determinado momento começam a sair aos milhares e milhares de morcegos formando uma longa linha no horizonte...